segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pior do que está, não fica!

Ontem, fui dormir aqui em Berlim muito tarde, aguardando as apurações das eleições no Brasil. Não pude votar e essa era uma das vezes em que queria ter muito podido exercer o meu papel de cidadã. Fiquei feliz com a movimentação de 20 milhões de votos pela Marina... alguns queriam mudanças. Por outro lado, a tristeza profunda de saber que um palhaço foi o Deputado Federal mais votado, por uma leva de outros 1,3 de palhaços que não sabem o que é e nem o que fazer com um voto!

Estive no posto Consular Brasileiro em Berlim hoje para resolver uma pequena questão sobre o meu passaporte. Um rapaz perguntou à atendente como se falava "Título Eleitoral" em Alemão... Ela disse que esse termo não existe na língua. Eles simplesmente vão às urnas e votam. FACULTATIVAMENTE. E, são, hoje, a maior potência da Europa.

Meu primo escreveu um texto, que divulgo aqui e faço das dele as minhas palavras:

Hoje eu acordei irado. Não posso deixar de escrever e assim exprimir o quão revoltado eu estou com os fatos decorridos nessas eleições.

Se acalmem, não quero discutir aqui apoio ou oposição ao governo, e acredito nem ter suficiente conhecimento para debater assunto que retrata anos e anos de história política. O objetivo desse texto é muito mais sério e também muito mais simples ... expor minha indignação quanto à vergonhosa situação em que a política brasileira e a população se encontra no que diz respeito a política.

Chegamos ao fundo do poço e roubando a equívoca frase de Galvão Bueno: “Estamos no limite extremo” de nossa ignorância política. Se quiserem a comprovação do que falo, basta olhar a lista dos deputados que se elegeram. Nem as mulheres que sempre foram, para mim, símbolos de responsabilidade política quando decidem entrar nessa empreitada, são hoje, exemplos. Madame Bovary ficaria internada ao ver quais são as mulheres que visam hoje representar a sua classe. Ainda bem que a Mulher Pêra não se elegeu.

Mas o que há de se falar de um candidato que recebeu sozinho mais de 1,3 milhões de votos, sendo que sua propaganda política se baseava no simples fato de que ele não fazia a menor idéia das responsabilidades do cargo que se propunha ocupar? E a loucura não para, pois esse mesmo candidato se predispõe a esclarecer, assim que for eleito, quais são suas funções e mostrar para a população o que faz um deputado federal. O mais interessante desse fato é o próprio slogan, que afirmava convictamente que a situação do Brasil não poderia piorar, sendo ele eleito ou não.

Convenhamos Brasil, quando votamos numa pessoa como essa, estamos decretando que num estado como o de São Paulo, onde esse candidato foi eleito, que ao menos 1,3 milhões de pessoas não fazem a menor idéia quais são as responsabilidades de um deputado federal. E nem ousem me falar que foi um voto de protesto. Protesto de quê? Para quem? Se vamos protestar temos que ter um objetivo e não vejo objetivo algum em votar num absurdo desse. Ao contrário, vejo mais uma vez um retrato da falta de cultura e civilidade em que nosso país se encontra. Para aqueles que mantêm a opinião do voto de protesto, ressalto que sentar no carrinho do papai para discutir entre amigos o futuro do nosso país enquanto fumam maconha e divagam sobre os mais variados assuntos, não é protesto, é imparcialidade, falta de leitura e uma tremenda falta de civilidade. Fica fácil discutir qualquer coisa quando não se tem obrigação sobre nada e também não haverá de mudar nada em sua vida. O problema desses jovens e adultos é que o voto para eles já não representam diferenças e, portanto pouco irá interferir em suas vidas.

Nossa população acostumou-se a ser comprada nas eleições. São carros adesivados em troca de tanques de gasolina, são sacos de cimento ou cestas básicas para cada voto na família, são 50 reais para cada pessoa que desfilar com uma bandeira do candidato nas ruas, são 200 reais por semana para cada um que andar pela cidade com seu carro de som fazendo campanha... e assim vamos, aceitando o absurdo do voto de cabresto que historicamente existe no Brasil desde a primeira eleição. Por tudo isso, declaro aqui, que terá meu voto quem ousar em sua campanha decretar que fará de tudo para que o voto não seja obrigatório no Brasil. Sem a obrigatoriedade a compra não seria tão eficaz, os eleitores só iriam votar quando interessados e os políticos teriam que fazer muito mais do que sujar a cidade e poluir nossos ouvidos para angariar votos daqueles que decidirem ir às urnas.

Refletindo sobre o que o tão famoso humorista e candidato eleito diz em seu slogan, percebo que o Brasil realmente não pode ficar pior, não depois de tê-lo eleito com tanta força.

A boa notícia é que nós brasileiros, ao contrário do que diz o refrão: “Sou brasileiro e não desisto nunca!”, temos memória curta e acabamos nos esquecendo dos fatos, dos votos e dos políticos, e em pouco tempo nossas vidinhas continuarão como sempre e vamos desistir mais uma vez de lutar por melhores representantes para nosso povo.

WAGNER GORETTI VILLA VERDE ... um baixinho invocado e PUTO DA VIDA !!!

sábado, 2 de outubro de 2010

Enfim, Berlim!!!











Oi, gente!

Se eu tivesse escrito esse post logo no primeiro dia, talvez o tom das primeiras impressões teria sido um pouco depressivo. Mas, já que o escrevo agora, seguem as reais primeiras impressões de Berlim. Vou explicar...

Cheguei no Aeroporto Tegel e o excesso de informações que eu não podia compreender quase me sufocou. Ainda não tinha sentido isso. Ao menos, não sozinha... Peguei o taxi e vim para o alojamento.

A minha ficha ainda não tinha caído sobre a coragem que eu estava tendo de fazer o que estou fazendo. Resolvi tudo pela internet, criei amizades nesse mundo virtual e vim confiando nisso com muita força. Em momento nenhum me passou pela cabeça o fato de que algo poderia dar errado. Simplesmente, vim!

Já no taxi não conseguia entender uma só palavra do que o motorista dizia. Mentira... entendia uns 20%. Mas, que não ajudavam em nada os outros 80% a fazerem algum sentido. Já tive que ir explicando que não falo bem essa língua ainda.. Cheguei ao alojamento, onde uma dinamarquesa me esperava para me receber no apartamento. Como ela e uma italiana estavam morando aqui, encontrei as coisas um pouco bagunçadas. Mas, como não perco tempo, já fui arrumando meu canto, arrumando a louça na copa, vendo como iria cozinhar um almoço... Fui ao mercado aqui do lado (tem 2 muito bons) e comprei algumas coisas para os primeiros dias... E, voilá, meu primeiro almoço em Berlim: Penne Bolognese, com carne moída de... porco, é claro!

Quando terminei de colocar tudo no lugar, comecei a me sentir um pouco mais acolhida e tive que procurar um telefone para dar notícias. Como o alojamento onde estou é em uma zona mais afastada do centro, não há muitas facilidades - internet e outros - por aqui. Ainda não sabia como e onde comprar tickets para o transporte público, nem ao menos que linha(s) atendiam a região. Resolvi voltar para o alojamento e, pela primeira vez, cheguei a fazer a pergunta que vocês todos devem estar se fazendo por aí: "O que é que eu tô fazendo aqui???"

Fui dormir com essa pergunta latejando na cabeça. Mas, como diria a minha querida vó Ivone: "Nada como um dia depois do outro, com uma noite no meio!". Acordei com outro astral. A italiana Marzia me explicou o que fazer para chegar à estação de metrô mais próxima: Frankfurter Alee. De lá, eu poderia pegar qualquer transporte que eu precisasse. Aqui é assim: pelo menos 5 tipos de transporte público. Tem o Elétrico (M), que anda na superfície, em trilhos, como um trem, mas em baixa velociadade. Tem o S-Bahn (S), que é o metrô de superfície. Há, o U-Bahn (U), que é o clássico metrô, os ônibus e os VLTs (TRAM), que andam junto aos carros. Entendido isso e entendido as direções que precisava tomar, tudo começou a ficar muito simples.

Para aqueles que queriam uma confirmação: NÃO, não há roletas no transporte público de Berlim. Tudo funciona incrivel e perfeitamente. Não sei, é claro, se todas as pessoas li estão em dia com seus passes, mas... As estações e os trens e ônibus são novos e muito limpos, assim como a cidade. Até agora, o maior tempo que esperei por um transporte foi 11 minutos. Sempre que chego na estação, o próximo trem virá em 3, 4 minutos. A noção do bem público aqui parece tomar conta da cabeça dos alemães (espero ter essa impressão até o último dia tb!). Mensagens nos vagões dizem coisas dos tipo: "Música para os ouvidos, não para os nervos."; "Este vagão não é uma lata de lixo."; "O telefone celular não é um alto-falante!"... E, até, então, vi todos eles sendo respeitados. Algumas pessoas recolhem lixo que vêem no chão e atá eu já me peguei fazendo o mesmo.

Já estou rodando por alguns lugares aqui e resolvendo algumas coisas práticas., Ontem, por exemplo, comprei um modem pré-pago de internet, arrumei um número de telefone aqui, já providenciei algumas outras coisas para o meu conforto. Consigo ler e entender muita coisa, falo algumas outras, mas ainda preciso recorrer ao inglês para conseguir informações completas... Ter conseguido a internet foi o mais importante. Ficar sozinha no apartamento, sem TV ou internet... Não sobreviveria a isso! Hehehe.

É uma cidade onde não há como se sentir um peixe fora d'água ou como um patinho feio. Tem de tudo por aqui. De tudo, mas de tudo mesmo! Consegui identificar alguns alemães e algumas alemãs típicas. No mais, um grande caldeirão de tudo que tem pelo mundo. Entro nessa, pra adicionar um tempero a mais.

Agora, as coisas já estão clareando... Comecei a entender melhor a cidade e já passei por alguns dos pontos turísticos e históricos. Ainda não os explorei a fundo - aliás, tenho muito tempo pra isso - e, como vou ter visitas, quero deixar algumas coisas para conhecer em boa compania. Já fiz a minha primeira e verdadeira compra: mais um casaco, porque o frio vai pegar!!! Não vou aparecer mais só de preto nas fotos... Agora vai ter preto e cinza. Aliás, essas são um pouco das cores por aqui. Hoje o sol saiu, então tinha um pouquinho de amarelos e azuis também... Mas, basicamente, preto, cinza e bege... somados às cores da bandeira, em todos os lugares.

A cidade é muito plana e mais espalhada. Não é uma cidade muito adensada e tem ruas e calçadas muito largas. Percebe-se a facilidade de mobilidade que as pessoas encontram. Hoje já me senti um pouco em casa. Tenho meu nome no interfone e na caixa de correios. Tenho endereço e, em alguns dias, terei meu título de residência. A pergunta lá do primeiro dia parou de latejar. Ainda a ouço, mas, muito rapidamente, já virou pergunta de motivação. Um dos símbolos aqui da cidade é o Ampelmann (o bonequinho do sinal de pedestres). Tive que comprar um mouse e aproveitei e comprei o mousepad do Ampelmann, que está me dando o sinal verde. Acho que isso responde à pergunta: não sei exatamente no que vai dar a minha vinda aqui, mas, aparentemente, o sinal está verde pra mim.

Ainda estou curtindo um pouco dos meus momentos sem compromissos. A partir de segunda-feira vou começar a correr atrás da vida. Vou procurar um curso de alemão... quero sair daqui falando essa língua como uma alemã! Hoje, feliz da vida com minha internet, estava teclando de uma praça, logo após comer cachorro-quente típico alemão.

Agora, na geladeira, o almoço de quinta me espera pro jantar. No congelador, sorvete de chocolate! Minha vizinha da Indonésia (que é amiga das meninas que moram aqui) veio me dar as boas vindas e trazer bolo de chocolate! Olha que noite gostosa!

Curtam as fotos (só uma amostra das mais de 200 que já tirei). A cidade é altamente fotografável. Para todo lugar que olho, cabe um quadro! Reduzi as fotos para poder mandar várias de um única vez, tá?

Obrigado a todos que estão aí como se estivessem aqui do meu lado. Isso faz uma enorme diferença!

Beijos e Tchau! (Küsse und Tchüss!)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Vacances de poche (Férias de bolso)!

Vou passar 4 dias em Paris, em uma espécie de mini-férias, antes de a ralação começar lá em Berlim.

Cheguei no Charles de Gaulle às 7:40 da manhã de domingo, sob a temperatura de 7 graus. Ia pegar um ônibus para o hotel mas o peso das malas de desanimou. "Vai taxi mesmo, pensei... É só não converter!"

Logo consegui um táxi. O motorista já começou de piadinha com o peso da mala maior (como diria o meu pai - do baú). Conversa vai, conversa vem (para quebrar o gelo e aliviar a distância), até ele, ao saber do que eu estava vindo fazer por aqui, me chamou de muito corajosa. Acho que ali comecei a sentir a ficha cair.

Cheguei no hotel (o mesmo onde estive no último Natal e Ano Novo) e o recepcionista já me reconheceu. Bom sinal. Banho e algumas horas de cama. O vôo tinha sido bem turbulento e eu não estava conseguindo dormir a cada anúncio (em 3 línguas) para afivelarmos o sinto. Acordei com o despertador para não perder o dia dormindo.

Resolvi ir a um recital na Notre-Dame. Saí animadíssima, mas a chuva ficou forte e eu, que esqueci de sair com o guarda-chuva, resolvi não encarar a fila enorme! Acabei dando umas voltas pela região, almocei um hamburger da Quick (rede nacional tipo Mc Donald's) e terminei o dia na Champs Elisées comprando ingresso para o cinema. Voltei para o hotel para cedo, para descansar as pernas e as olheiras do vôo.

Nesta segunda, consegui ir à Cité de L'Architecture (na Place du Trocadéro), um museu dedicado à Arquitetura antiga e moderna. No primeiro piso, reproduções, em gesso e madeira, de diversos elementos da arquitetura Romana, Gótica, Renascentista e outras. FANTÁSTICO! O segundo piso, onde não pude fotografar, exibe várias informações de Arquitetura Moderna e Contemporânea, além de uma exibição compacta de novos arquitetos sobre a nova maneira de se pensar a habitação. Para concluir, uma réplica em escala real do apartamento tipo E2 da Unidade de Habitação de Marseille, do Arquiteto Le Corbusier. Indescritível... Quase a mesma sensação de pisar na Villa Savoye.







Saindo de lá, logo se vê a Torre Eiffel e os vários vendedores de souvenirs... O céu estava bastante cinza, parece que é típico nessa época do ano. A temperatura estava por volta de 13, 14 graus, o que me animou para uma caminhada...



Mas, ali nos Jardins du Trocadéro há um Aquário fantástico, que eu ainda não conhecia. E, como amo Aquários, lá fui eu. Para aqueles que gostam, como eu, vale a pena ir. As espécies vão desde pequeninos peixes-palhaço (Nemo) até tubarões. E a calma que se sente lá dentro!





Caminhadas e mais caminhadas na saída de lá, parei num Hippopotamus (ótimo restaurante a bom preço) e comi um Tornedor de Filé com fritas... Muito, muito bom! Ainda estou almoçando no horário do Brasil, ou seja, às 17h aqui... hehe. Tenho que corrigir isso, para entrar no ritmo certo.

Mais tarde, fui assistir meu filme "Comer, rezar, amar" (Mange, prie, aime), filme que vai entrar em cartaz aí no Brasil nesta próxima sexta, dia 01. Não li o livro, mas as indicações das minhas amigas Marcelle e Thais me diziam que eu me identificaria com a história. Não vim pelos mesmos motivos de Liz (Julia Roberts), a personagem principal, mas ela fica fora 1 ano, para se modificar. Mas, não vou contar a história aqui, né? Gostei muito do filme, tirando o fato de que não escolheram um ator Brasileiro para fazer o papel de um Brasileiro e o português dele fica até engraçado! A capa do livro, Best Seller nas pratileiras aqui, diz: "Changer de vie, on en a tous rêvé... Elle a osé!" - "Mudar de vida, todos nós sonhamos... Ela ousou!". Por isso me identifiquei...


Voltei para o Hotel e, ao conversar no Skype (eu estava falando bem alto mesmo), um vizinho qualquer de quarto, aqui, socou a porta. Tive que emitir um sonoro "Pardon!" e terminar a conversa. Espero não encontrar com ele amanhã e vou ficar mudinha da silva aqui pelo hotel até minha partida... hehehe.

Como em todos os dias, sem compromisso amanhã. Mais tarde, conto a jornada aqui.

A Bientôt!

Correndo atrás do sonho...

Oi, gente... acho que, agora, esse blog anda! Já que vai ser um dos canais de comunicação entre o Oriente e o Brasil...

Deixei várias coisas no Brasil me esperando e vim atrás de dois sonhos em um: voltar a estudar e morar um tempo na Europa. Não foi e, sei, não será nada fácil. Mas, como com todo sonho, são necessárias algumas coisas para sua realização: vontade, foco, empenho e, sobretudo, torcida.

Identifico-me, nesse momento, com umas palavras de Fernando Pessoa: "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

A vida tem me dado coisas tão maravilhosas, em tão pouco tempo, que já estava começando a acomodar. Não tinha nada do que reclamar. E essa estava sendo um pouco a minha inquietação. Estava precisando de algo a mais. De um passo a mais. Confesso que não sei onde esse afã vai me levar, mas, por ora, é essa conquista que almejo.

Pisar aqui na Europa não é novidade. Mas, vou para uma cidade que não conheço: Berlim. Muitos me perguntaram "Por que Alemanha?". A resposta é simples: nada na minha vida aconteceu por acaso. As mensagens vêm na hora que parece que têm que vir. E, dessa vez, não foi diferente. Como eu já estava fazendo aulas de Alemão, vi a divulgação dessa oportunidade e a abracei.

Minha vinda é fruto de uma inscrição em um programa de Bolsas do DAAD, instituição que fornece bolsas para Mestrados e Doutorados na Alemanha. Não fui contemplada com a bolsa, mas, há quase 30 anos atrás fui contemplada com os melhores pais do mundo que me disseram que moveriam montanhas e fundos (fundos, principalmente!) para que eu conseguisse realizar este sonho. Trabalhei muito para pagar o curso, vendi meu carro (que está em ótimas mãos de uma grande amiga, a Aline) e a estadia vai ter ajuda de custo... um PAItrocínio, digamos assim.

Vou ver muitas novidades, falar (de verdade) mais uma língua fluentemente, viver experiências, que sei, serão indescritíveis. Quando lia o livro Mar sem fim, do Amyr Klink, sua descrição sobre o que é viajar me marcou bastante. Transcrevo-a aqui: “Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Acho que, desde aquela época (há anos o li), o sonho vem ganhando forças.

Estou de mente e coração aberto para toda e qualquer experiência que vier por aí. Essa é a intenção primeira de tudo o que vim buscar. Já que estou abrindo mão do meu conforto e do convívio diário com todos aqueles que amo, estou com toda a disposição de quem vai correr uma maratona. Sei que vai haver suor... vai haver bolhas nos pés. Mas o meu alvo é a linha de chegada. Não pelo aplauso no final ou por uma medalha de algum metal. Sou uma entre aqueles que correm pelo simples prazer de chegar. Vou agarrar esta oportunidade com unhas, dentes e coração. Essa é a minha promessa a todos que estão na arquibancada, flamulando suas bandeiras e tocando suas cornetas.

Obrigada a cada um que participou e participará disso.

Nos vemos pelo mundo?


terça-feira, 17 de agosto de 2010

What are you Sinking about?

Esse vídeo foi a Paulinha minha aluna que me mandou... É uma propaganda que ela viu e lembrou de mim, já que estou indo para a Alemanha em alguns dias... Sanks, Paulinha! Hahahahaha...



terça-feira, 27 de julho de 2010

Preparando a viagem ao exterior – Parte 01: Da compra da passagem até o embarque.

Para iniciantes e alguns já iniciados...



Hoje, vou começar a postar, a pedido de alguns amigos, algumas dicas para uma viagem ao exterior. Vou tentar passar algumas experiências bem sucedidas de aquisição de passagens, reservas de hotéis, menores tarifas e alguns assuntos que são indispensáveis para uma boa e tranqüila viagem.

Se você não tem muita intimidade com reservas de bilhetes ou hotéis pela internet, a melhor maneira ainda é buscar a ajuda de uma agência de viagens. Você pode acabar pagando um pouco mais caro, mas pode ter algumas facilidades de pagamento, além de já sair do Brasil com tudo resolvido e com certas preocupações a menos.

Mas, fique atento: mesmo contratando uma agência de viagens, você pode ter algum tipo de desconforto... principalmente em relação a horários de vôos e localização de hotéis. Procure pesquisar bastante antes de fechar qualquer coisa.

De qualquer maneira, se você vai fechar com uma agência, continue lendo também. Algumas das dicas podem ser úteis.


Passagens:


Horários de vôos: Na hora de escolher o seu vôo, cuidado com a economia. Sites de pesquisa de preço prometem oferecer as melhores tarifas. Até aí, pode ser verdade, sim. Mas, em alguns casos, são feitas até 3 conexões (para aproveitar trechos de menor valor) e sua viagem que duraria de 12 a 14 horas pode durar até 20! Isso, sem contar os transtornos de desembarque, retirada de bagagem, check-in em outra companhia... por aí vai. É preciso lembrar que uma viagem internacional normalmente é um processo mais estressante do que as demais viagens, já que os procedimentos são mais demorados e mais numerosos. O barato de escolher trechos muito atrativos financeiramente pode sair caro e o descanso pode virar chateação. Procure o vôo internacional saindo da cidade mais próxima à sua. Tentar coordenar idas de ônibus ou outros trechos de avião para outra cidade em função das variações no preço do bilhete internacional pode ser uma troca nada prática.

Compra dos bilhetes: Ir diretamente aos sites das companhias aéreas para aquisição de bilhetes é, quase sempre, a melhor maneira de se adquirir as passagens. As empresas costumam oferecer valores até 16% menores que em lojas – como eles mesmos chamam – as agências de viagens. Normalmente, as companhias permitem o pagamento em até 5X do cartão de crédito ou à vista em Boleto Bancário. Para pagar no cartão, lembre-se de que as operadoras de cartões de crédito “prendem” o seu saldo com o valor total do pagamento e vão liberando o saldo à medida que as prestações vão sendo pagas. Cuidado, portanto, para não “empatar” o seu cartão de crédito. Quanto antes a aquisição das passagens for feita, quanto antes você libera saldo até mesmo para utilizar na viagem.

Escolha de assentos: Essa pode parecer uma dica boba, mas já tive alguns problemas e hoje já tomo minhas precauções. Tenho uma inflamação crônica no joelho direito e não consigo ficar muito tempo com a perna dobrada (doença contra preguiçoso)!!! Ou seja: preciso sempre escolher o assento correto. Fora isso, os aviões que fazem trechos internacionais costumam ter conjuntos de poltronas da seguinte maneira: 2 + corredor + 4 + corredor + 2 ou 3 + corredor + 4 + corredor + 3. O mapa abaixo (do Boeing 777) vai ajudar a explicar o que quero dizer.


Como a viagem é longa e a necessidade de idas ao banheiro, esticadas de pernas e caminhadas no corredor é recorrente, a minha dica é que se avalie o número de pessoas que vão viajar juntas, para agrupá-las e evitar incomodar e ser incomodado por passageiros que você não conhece. Evite poltronas próximas aos sanitários (que, num primeiro momento, pode parecer um conforto), porque, logo depois do serviço de bordo, formam-se pequenas filas nos corredores e o abre-e-fecha das portas pode irritar até o mais calmo dos seres. Se você tem pernas compridas, escolha a fileira da saída de emergência – mas só se você se sentir capaz de operá-la (o que nunca esperamos que vá ser necessário), é claro! Outra dica – essa, para os que não gostam muito da sensação de voar: escolha as poltronas nas fileiras mais centralizadas no sentido longitudinal, de preferência, mais próximas das asas (podem e devem ser na janela – ver o sol nascer e se pôr lá acima das nuvens é uma bênção!). Você pode ter a asa um no meio do caminho da vista, mas você ganha em estabilidade. A cauda, por sua vez, balança um pouco mais e causa certa estranheza... principalmente para os iniciantes. E, para terminar: como a aeronave vai afunilando na parte traseira, reduzem 1 poltrona e o espaço fica mais apertado. Se estiver comprando os bilhetes através de agência, peça para que já seja feita a marcação dos assentos, para evitar esse tipo de transtorno. Se você vai comprar o bilhete pela internet, você mesmo pode fazer a reserva dos assentos.

Cópias dos bilhetes: Ao fazer a aquisição pelo site ou pela agência, tenha sempre uma cópia sobressalente dos bilhetes. Se estiver viajando acompanhado, deixe uma cópia deles e de outros documentos – vou falar disso mais adiante – com a(s) outra(s) pessoa(s). Os bilhetes impressos não são necessários para o embarque em si (já que a identificação é feita por meio do passaporte). Mas, nele estão as informações das quais você vai precisar para saber suas escalas, conexões, horários corretos e antecedência sugerida para chegada aos aeroportos – até mesmo para preencher as fichas de entrada nos países. Tê-los em mão ajuda, também, a solicitar traslados, taxis, informações e outros serviços de transporte nos hotéis no exterior.


Check-in e embarque:

Chegada no aeroporto: Para embarques internacionais, recomenda-se a chegada ao aeroporto com 3 horas de antecedência. É isso mesmo... parece muito, mas não é tanto. Como minha querida avó Ivone dizia: “É a gente que espera o trem... não é o trem que espera a gente!”. Essa frase sempre martela na minha cabeça quando vou viajar e, mineiríssima que sou, cumpro à risca.

Estacionar o carro: Verifique com antecedência os valores para estacionamento, se você está indo pegar o vôo em outra cidade. Dependendo do aeroporto, pagar as diárias do estacionamento pode ficar mais barato que outros tipos de traslados.

Registro de saída de eletrônicos: Você deve ir a um posto da Polícia Federal no aeroporto e fazer o registro de todos os equipamentos eletrônicos com os quais você estiver viajando. Isso vai evitar taxação dos itens no seu retorno, já que você terá uma comprovação de que já saiu do país com eles. Alguns equipamentos dispensam registro: celulares (exceto IPhones), produtos que tenham selo de fabricação no Brasil, câmeras fotográficas de baixa resolução e outros, que devem ser checados com os agentes. Você receberá uma via do formulário e deve carregar em local de fácil localização para apresentação na alfândega na volta, caso necessário. Esse procedimento, apesar de simples, pode ser mais demorado e estressante do que parece. Muitos deixam para a última hora, muito em cima do horário do vôo e nem sempre há agentes suficientes para atender a todos e, normalmente, esses postos de atendimento estão localizados em pontos “fora de mão” dentro dos aeroportos. Esse registro não precisa, necessariamente, ser feito no dia do vôo – pode ser feito antes – e, uma vez feito, o formulário pode ser guardado e apresentado nas próximas viagens (não tem validade).

Bagagem: A bagagem deve ser despachada no momento do check-in e você, então, já estará livre para tomar outras providências apenas carregando sua bagagem de mão.

Dependendo da Cia Aérea, a franquia de bagagem varia. Por exemplo, companhias com a Gol e a TAP permitem 2 volumes de 23kg cada, uma vez que a KLM e a AirFrance, permitem 2 volumes de 32kg cada. Essa informação deve ser verificada com a Cia Aérea e à essa informação deve ser dada muita atenção, já que as tarifas por excesso de bagagem costumam ser exorbitantes, cerca de USD 25 por quilo excedente. Coloque tudo o que não for permitido carregar na bagagem de mão na bagagem despachada e carregue os objetos de valor na bagagem de mão. Se quiser ser mais cauteloso, deixe uma cópia de alguns documentos nessa mala, caso perca algum no manuseio ao longo da viagem.

Identifique sua bagagem a ser despachada com etiquetas próprias, plásticas, que não se rompam nem tenham seu texto apagado com facilidade. Em caso de extravio – bate na madeira! – sua bagagem vai ser facilmente identificada. Além disso, personalize suas malas, com algo chamativo – fitas, adesivos, qualquer coisa que facilite sua identificação nas esteiras de bagagem por onde passar.

Uma dica que gosto de dar é em relação aos cadeados. Uso cadeados nas minhas malas, sim. Mas, evito utilizá-los nas viagens de avião. Deixo para utilizá-los nas viagens de trem ou para deixar as malas no hotel. Como as malas são manuseadas de maneira um tanto quanto abrutalhadas, já tive várias malas “avariadas”, com seus zíperes quebrados e acabei tendo dores de cabeça em função disso. O que adotei há alguns anos, já, é o uso de lacres plásticos – não os das Cias Aéreas que são de fácil ruptura: encontrei esse modelo muito bom que tenho usado com freqüência e não tenho tido mais problemas. Isso evita a alavanca criada quando um cadeado agarra em outra estrutura de outra mala e evita as rupturas. Deixo uns extras na bagagem de mão, caso eu precise abrir a mala entre uma conexão e outra. Para romper esse lacre, normalmente uso as chaves que acabo tendo que carregar comigo mesmo... de casa, do carro, etc. Para as viagens de trem ou para deixar as malas no hotel, dou preferência para os cadeados numéricos que dispensam a chave e me dão a tranqüilidade de menos uma coisa passível de perder!



Para a bagagem de mão, a sugestão é de levar consigo itens imprescindíveis como documentos, máquinas fotográficas, notebooks, remédios, e uma muda de roupa para o caso de extravio de bagagem – bate da madeira 2 vezes!!! Como a pressurização e condicionamento de ar no avião ressecam muito o nariz, leve um vidrinho pequeno com soro, para ir pingando aos poucos. Faz muita diferença e aumenta o conforto da viagem. Fique atento aos itens que NÃO podem ser carregados dentro do avião:

× Conteúdo líquido superior a 100 ml (exceto remédios, que devem ser comprovados mediante apresentação de receituário);

× Nenhum tipo de produto inflamável;

× Nenhum tipo de utensílio perfuro-cortante (tesouras de qualquer espécie e tamanho, pinças, alicates de cutícula, facas, canivetes – nem aqueles mais inocentes! –, agulhas, alfinetes...). Evite qualquer – mas, qualquer coisa mesmo – que possa causar algum constrangimento. Ao passar no raio-X, você vai ter que abrir sua bagagem de mão, e não será detido, nem nada, mas vai ter que se desfazer do utensílio ou voltar ao balcão de check-in para despachá-lo.

× Raquetes de tênis, tacos de golfe, e outros equipamentos esportivos podem ser recusados. Informe-se antes.

× Para outros itens que não podem ser transportados na bagagem de mão, verifique o site da ANAC.

Free-shop e sala de embarque: Os free-shops – Dufry, como são chamados após a abreviação de Duty Free – estão disponíveis para os passageiros de vôos internacionais tanto na ida, quanto na volta da viagem. Aquelas 3 horas de antecedência parecem pouco tempo face aos atrativos da loja. Os brasileiros são famosos pelos preços e pela variedade de produtos. Antes de partir, já dê uma olhada e, se preciso, reserve os produtos que tem a intenção de comprar. Pague e pegue na volta! Vale a pena comprar perfumes, maquiagem, uísques e vários outros produtos, mas é preciso checar a disponibilidade das marcas desejadas. Lembre-se que o valor limite de comprar registradas em cada passaporte é de 500 dólares. Caso compre algum item eletrônico, guarde MUITO bem a nota fiscal para apresentar na alfândega na volta, caso seja necessário.

O embarque: Fique atento a qualquer alteração no embarque. O portão pode mudar a qualquer momento e as distrações – principalmente do Free Shop – podem nos fazer não prestar atenção. Com uns 20 minutos de antecedência do horário de embarque previsto, vá até o portão e confirme com os funcionários da companhia ou no painel. Com essa antecedência, você tem tempo de percorrer a sala de embarque com calma, caso o vôo tenha sido transferido para outro portão. Outra dica: nada de aflição de ficar em pé na fila, aguardando. As companhias têm o hábito de chamar os passageiros prioritários primeiro: idosos, passageiros acompanhados de crianças, etc. Logo depois, pode ser que chamem os passageiros das fileiras mais profundas e depois os da frente. Calma! O avião não sai sem você e o seu lugar está marcado. O único inconveniente é você ter um pouco mais de dificuldade de acomodar sua bagagem nos compartimentos.

Bagagem de mão acomodada, cintos afivelados, instruções de emergência assistidas, tenha um excelente vôo! Volto, depois, com a postagem de várias outras dicas!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Allons enfants de la Patrie!!!

Como Paris é minha queridinha, hoje, no dia da Revolução Francesa, resolvi postar sobre a cidade Luz. Tem uma pontinha sobre Strasbourg também, cidade de sonhos na fronteira com a Alemanha.

O 14 de julho é um dia de muita festa na cidade. Durante esta semana, a bandeira Bleu, Blanc, Rouge é hasteada no Arco do Trinfo. É uma bandeira enorme que flamula no vão do arco, trazendo um toque especial à visita... Além disso, fica ensaiando sobre o céu a esquadrilha da fumaça francesa, que, no dia, rasga o céu com as cores que simbolizam a liberdade, a igualdade, e a fraternidade. São montados palanques na Place de La Concorde, onde as autoridades discursam e se encontram.

Em 2001, tive a oportunidade de estar por lá nessa época. Tirei essa foto típica de turista com a flâmula ao fundo. Um desfile militar apresenta as Forças Armadas de várias regiões do mundo, há os discursos presidenciais... bem ao estilo do nosso 7 de setembro.


Para quem curte uma festa mais animada, vale a pena ir para as ruas à noite. Milhões de pessoas vão para as margens do Sena ver a queima dos fogos de artifício e a iluminação especial feita na torre Eiffel. É tudo muito mais animado e organizado que a festa de ano novo, que é bem fraquinha... perto das nossas, então... Mas... atenção: é preciso organizar a volta para o hotel! Os metrôs ficam muito, muito, mas muito lotados mesmo. Os ônibus também circulam empapuçados e os taxis não fazem hora extra, não... Se o ânimo da festa permanecer, vale a pena voltar para o a pé.

O vídeo abaixo exemplifica o investimento - a cada ano, uma novidade - que os parisienses fazem em nome da festa. A iluminação faz a torre Eiffel dançar! Isso mesmo...



Em 2007, estava em Strasbourg no dia da festa. Aproveitamos o feriado nacional para assistir os desfiles e discursos pela televisão e à noite fomos à Ponte Coberta, antiga porta de entrada da cidade murada, onde a festa acontece. Foi bom sentir de perto o patriotismo francês. Na volta, um cachorro quente de salsicha branca, herança alemã!


Então... "Allons enfants de la Patrie... Le jour de gloire est arrivé!"

Criado por Renata Goretti