segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pior do que está, não fica!

Ontem, fui dormir aqui em Berlim muito tarde, aguardando as apurações das eleições no Brasil. Não pude votar e essa era uma das vezes em que queria ter muito podido exercer o meu papel de cidadã. Fiquei feliz com a movimentação de 20 milhões de votos pela Marina... alguns queriam mudanças. Por outro lado, a tristeza profunda de saber que um palhaço foi o Deputado Federal mais votado, por uma leva de outros 1,3 de palhaços que não sabem o que é e nem o que fazer com um voto!

Estive no posto Consular Brasileiro em Berlim hoje para resolver uma pequena questão sobre o meu passaporte. Um rapaz perguntou à atendente como se falava "Título Eleitoral" em Alemão... Ela disse que esse termo não existe na língua. Eles simplesmente vão às urnas e votam. FACULTATIVAMENTE. E, são, hoje, a maior potência da Europa.

Meu primo escreveu um texto, que divulgo aqui e faço das dele as minhas palavras:

Hoje eu acordei irado. Não posso deixar de escrever e assim exprimir o quão revoltado eu estou com os fatos decorridos nessas eleições.

Se acalmem, não quero discutir aqui apoio ou oposição ao governo, e acredito nem ter suficiente conhecimento para debater assunto que retrata anos e anos de história política. O objetivo desse texto é muito mais sério e também muito mais simples ... expor minha indignação quanto à vergonhosa situação em que a política brasileira e a população se encontra no que diz respeito a política.

Chegamos ao fundo do poço e roubando a equívoca frase de Galvão Bueno: “Estamos no limite extremo” de nossa ignorância política. Se quiserem a comprovação do que falo, basta olhar a lista dos deputados que se elegeram. Nem as mulheres que sempre foram, para mim, símbolos de responsabilidade política quando decidem entrar nessa empreitada, são hoje, exemplos. Madame Bovary ficaria internada ao ver quais são as mulheres que visam hoje representar a sua classe. Ainda bem que a Mulher Pêra não se elegeu.

Mas o que há de se falar de um candidato que recebeu sozinho mais de 1,3 milhões de votos, sendo que sua propaganda política se baseava no simples fato de que ele não fazia a menor idéia das responsabilidades do cargo que se propunha ocupar? E a loucura não para, pois esse mesmo candidato se predispõe a esclarecer, assim que for eleito, quais são suas funções e mostrar para a população o que faz um deputado federal. O mais interessante desse fato é o próprio slogan, que afirmava convictamente que a situação do Brasil não poderia piorar, sendo ele eleito ou não.

Convenhamos Brasil, quando votamos numa pessoa como essa, estamos decretando que num estado como o de São Paulo, onde esse candidato foi eleito, que ao menos 1,3 milhões de pessoas não fazem a menor idéia quais são as responsabilidades de um deputado federal. E nem ousem me falar que foi um voto de protesto. Protesto de quê? Para quem? Se vamos protestar temos que ter um objetivo e não vejo objetivo algum em votar num absurdo desse. Ao contrário, vejo mais uma vez um retrato da falta de cultura e civilidade em que nosso país se encontra. Para aqueles que mantêm a opinião do voto de protesto, ressalto que sentar no carrinho do papai para discutir entre amigos o futuro do nosso país enquanto fumam maconha e divagam sobre os mais variados assuntos, não é protesto, é imparcialidade, falta de leitura e uma tremenda falta de civilidade. Fica fácil discutir qualquer coisa quando não se tem obrigação sobre nada e também não haverá de mudar nada em sua vida. O problema desses jovens e adultos é que o voto para eles já não representam diferenças e, portanto pouco irá interferir em suas vidas.

Nossa população acostumou-se a ser comprada nas eleições. São carros adesivados em troca de tanques de gasolina, são sacos de cimento ou cestas básicas para cada voto na família, são 50 reais para cada pessoa que desfilar com uma bandeira do candidato nas ruas, são 200 reais por semana para cada um que andar pela cidade com seu carro de som fazendo campanha... e assim vamos, aceitando o absurdo do voto de cabresto que historicamente existe no Brasil desde a primeira eleição. Por tudo isso, declaro aqui, que terá meu voto quem ousar em sua campanha decretar que fará de tudo para que o voto não seja obrigatório no Brasil. Sem a obrigatoriedade a compra não seria tão eficaz, os eleitores só iriam votar quando interessados e os políticos teriam que fazer muito mais do que sujar a cidade e poluir nossos ouvidos para angariar votos daqueles que decidirem ir às urnas.

Refletindo sobre o que o tão famoso humorista e candidato eleito diz em seu slogan, percebo que o Brasil realmente não pode ficar pior, não depois de tê-lo eleito com tanta força.

A boa notícia é que nós brasileiros, ao contrário do que diz o refrão: “Sou brasileiro e não desisto nunca!”, temos memória curta e acabamos nos esquecendo dos fatos, dos votos e dos políticos, e em pouco tempo nossas vidinhas continuarão como sempre e vamos desistir mais uma vez de lutar por melhores representantes para nosso povo.

WAGNER GORETTI VILLA VERDE ... um baixinho invocado e PUTO DA VIDA !!!

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Criado por Renata Goretti